domingo, 10 de novembro de 2013

“Verdades” de 1964

Capa Jornal do Brasil de 1964
Os inúmeros caminhos que a História pode seguir mostram como ela é contada pelos vitoriosos, relutada pelos derrotados e estudada de maneiras diferentes por aqueles que tentam não pertencer a nenhum desses grupos. Como, então, saber se o que a escola ensina é a visão de apenas um desses grupos? Como uma pessoa pode perceber se está sendo influenciada?

Cada país já passou por momentos de agitação política, econômica, militar ou todos esses juntos. A formação de grupos bastante distintos na busca do poder é o que faz a história permanecer num eterno estágio de transformação. O Golpe Militar de 1964 no Brasil é uma dessas mudanças que abalam todo o sistema do país, como é de praxe nas ditaduras, e nos remete às perguntas do primeiro parágrafo. A começar pelo nome, pois existem dois: Golpe para uns, Revolução para outros. 

Para entender o que se passava no mundo no início da década de 60 é preciso voltar e lembrar a conjuntura da época, principalmente política. O mundo vivia os anos mais sombrios da Guerra Fria e o perigo de uma total destruição do planeta, graças à proliferação de armas nucleares pelo mundo. No Brasil, os grupos de direita e esquerda chegavam no limite de suas relações, fato que culminou na ditadura. Como dito no parágrafo anterior, há duas classificações para o sistema político usado de 1964 há 1985. Para os que apoiaram a ditadura, esta fase deveria ser conhecida como Revolução de 1964. A Igreja, a classe média, parte da imprensa, o empresariado e, lógico, os militares foram, no início, os grupos que apoiavam a instauração de um regime ditatorial para impedir a implantação de um possível sistema comunista no Brasil. Por isto, esses grupos consideram a ditadura como uma Revolução, pelo menos numa fase inicial.

Por outro lado, para outra parte da imprensa, esquerdistas e outros setores da sociedade, o que houve de fato foi um Golpe. O presidente João Goulart foi deposto e uma Junta Militar tomou posse do país nos primeiros meses do regime ditatorial. A principal desculpa para a tomada de poder era deter uma “ameaça comunista” que pairava sobre o Brasil naquela época. 

Fato é que esse “medo” era muito bem articulado pelos Estados Unidos para que os países da América do Sul não seguissem o mesmo caminho de Cuba. Neste caso, o comunismo transformou-se numa caça às bruxas, principalmente na América. Aparece, então, outra vertente da ditadura de 1964, que foi a participação norte-americana no Brasil. Os EUA não podiam arriscar perder como aliado o maior país da América Latina, tanto geografica quanto economicamente. O país acabou oferecendo grande apoio aos militares para que tomassem o poder, como na secreta “Operação Brother Sam” que visava suporte caso houvesse resistência de Jango. Além disso, a injeção financeira no Brasil ditatorial foi clara e teve como desfecho o “Milagre Econômico”. 

Manifestação de apoio à Ditadura
Há também falta de consenso em relação à data do Golpe/Revolução. Como dito antes no texto, os dois grupos eram muito dicotômicos em tudo aquilo que diziam. Assim, há também discussões sobre a data de início. Para os militares, a ditadura começou no dia 31 de março de 1964. Já para os contrários ao golpe, o regime começou no dia 1º de abril daquele ano. Um dia não muda nada, mas um significado muda tudo. 1º de abril é considerado o Dia da Mentira, o que não agradava em nada àqueles que estavam tomando o poder, mas significava muito para os perseguidos e/ou contrários a tudo aquilo que ocorria.

Por fim, deve-se salientar a enorme participação da sociedade brasileira para que a ditadura fosse imposta. Não que tenha permanecido nesta proporção até o fim, mas é clara a forma com que várias classes aderiram ao regime. Os militares praticaram o ato, mas vários outros se aproveitaram com o que ocorreu no Brasil, principalmente os meios de comunicação. A Igreja foi às ruas em apoio aos militares, estudantes foram presos, o prédio da UNE destruído, políticos depostos e o Brasil viveu por pouco mais de duas décadas sem poder se conduzir sozinho. Nisto não há dois lados da história, muito menos argumentos que contradizem esses fatos.

Por: Marcelo Stuart, Mariana Engelke e Felipe D'Oliveira

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