Durante o governo de João Goulart, também conhecido como
“Jango”, a grande imprensa foi a maior precursora das ideias que acabaram por
ser fundamentais na derrubada do presidente.
O que começou com o
apoio à ascensão do governo Goulart, sob o compromisso de um regime
parlamentarista, rapidamente foi alterado pela iminente ameaça de golpe
comunista, devido a radicalização das medidas governamentais tomadas pelo
presidente, principalmente após as reformas de base propostas pelo presidente
no Comício da Central em 13 de março de 1964.
De acordo com o artigo da socióloga
Alzira Alves de Abreu para a Fundação Getúlio Vargas, poucos jornais ficaram ao
lado do governo, como “A Última Hora”, que possuía um maior apelo entre
estudantes e o meio sindical, além do
“Diário Carioca”. As outras grandes empresas jornalísticas começaram a atacar o
governo vigente, demonizando cada vez mais o comunismo, além de propagar um
suposto caos administrativo e defender que uma intervenção militar era
extremamente necessária para a ordem ser instaurada no país.
Intitulado de “Rede da Democracia”, um inédito arranjo midiático encabeçado e
posto em prática por três das maiores empresas jornalísticas daquele período –
Diários Associados, Globo e Jornal do Brasil –, foram responsáveis por uma
campanha incisiva e conjunta em favor da destituição do Governo Goulart.
Uma das maiores
evidências desse favorecimento foram os famosos editoriais do jornal “Correio
da Manhã”, o “Basta”, publicado em 31 de
março de 1964, e o “Fora”, em 10 de abril de 1964, onde explicitavam o
descontentamento com o governo vigente e o crescente isolamento político de
João Goulart.
![]() |
Foto: Arquivo Fundação Getúlio Vargas |
O Globo
se retrata após anos de silêncio
Apesar do assunto ser considerado uma espécie
de tabu na imprensa brasileira, o jornal “O Globo” publicou um editorial no dia
31 de agosto de 2013, retratando-se
publicamente sobre o apoio, no qual referiu-se como “um erro histórico”.
Rechaçados
devido as manifestações que ocorreram frequentemente durante esse período,
quando grande parte do público gritava lemas como “O povo não é bobo, abaixo a
Rede Globo”, o jornal afirmou que a lembrança do acontecimento ainda é um
incômodo interno na empresa, e fez questão de ressaltar que, não apenas eles,
mas as principais mídias do país na época também colaboraram com o golpe, além
de contar com o apoio de parcela da população que se manifestavam em diversas
capitais do país.
![]() |
Foto: Viomundo.com.br |
O jornal,
além de reconhecer, em suas próprias palavras, que o apoio foi um erro,
mencionou o editorial escrito por Roberto Marinho, no dia 7 de outubro de 1974,
às vésperas do fim da ditadura no país. O texto exaltava, não apenas conquistas
econômicas e políticas adquiridas durante a época do governo militar no
Brasil,
mas também a própria participação do grupo no golpe.
Apesar
disso, o editorial fez questão de lembrar que o fundador sempre se posicionou
com firmeza contra a perseguição a jornalistas de esquerda, assim como fez
questão de abrigar muitos deles na redação do jornal durante o período de
repressão.
Link para
a matéria completa: http://oglobo.globo.com/pais/apoio-editorial-ao-golpe-de-64-foi-um-erro-9771604
Por: Cristiane Viamonte, Marlon Carrero e Pedro Lopes
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente aqui.