terça-feira, 5 de novembro de 2013

A Cultura na Ditadura Militar, a música e a literatura

Cultura

A ditadura militar tentou vetar, ou dificultar, a livre circulação de ideias no Brasil e a censura foi o grande problema do cinema, das artes, da literatura, do teatro e de qualquer forma de manifestação cultural. Nada escapava dos “olhos” da ditadura de impedir o debate no Brasil. O Governo Militar que durou de 1964 a 1985 representou o período de ditadura no Brasil. Um período conturbado e controverso na história do país. Já não era permitida a liberdade de expressão, e a arte tornou-se uma prisioneira dos interesses daqueles que mandavam no país. Houve censura e repressão.

A criatividade era considerada um crime, um pecado cuja punição era dura demais para se atreverem a cometê-lo. Artistas foram presos, torturados e exilados. Durante a Ditadura, mesmo com a censura, a cultura brasileira não deixou de criar e se espalhar pelo país e a arte se tornou um instrumento de denúncia. O reflexos que a ditadura deixou podemos ver até hoje em músicas, filmes, livros, espetáculos...

Música

A música em 1964 sofria uma mudança mais brusca do que muitos poderiam imaginar. Os Beatles já apareciam no cenário mundial com quatro álbuns lançados (Please Please Me, With the Beatles, A Hard Day's Night e Beatles for Sale), Rolling Stones lançam seu primeiro disco, Bob Dylan surge com seu quarto lançamento e Elvis Presley se consolida com seus diversos hits nas paradas de sucesso.
 
O quarteto de Liverpool seguia para a sua primeira visita aos Estados Unidos, o que dirigia todas as atenções a terra do Tio Sam. No dia 7 de fevereiro de 1964, o Kennedy Airport, em Nova York, recebia os músicos e mexia com a normalidade de uma vida regrada da década de 60. As listas de “mais tocadas” apareciam recheadas das composições de Lennon/McCartney. No dia 4 de abril, as cinco primeiras posições de “Top Pop Singles”, da Billboard, foram ocupadas por: "Can't Buy Me Love", "Twist and Shout", "She Loves You", "I Want to Hold Your Hand" e "Please Please Me".


Bob Dylan também surgia no mundo da música e no dia 8 de agosto, disponibilizava para o público “Another Side of Bob Dylan”, seu quarto álbum. A esta altura, o nome do americano já era escutado nas rádios e o clássico “Blowin’ in the Wind” embalava a juventude da época.

Os Stones iniciavam sua caminhada com seu primeiro disco, autointitulado. O grupo de Jagger acompanhava e inaugurava uma mudança na atitude da sociedade. Além disso, mudava o jeito de fazer música. A partir daí, os jovens abandonavam o visual conservador e ousavam no comportamento. Era uma consciência mais questionadora surgindo amparada pela música.

Elvis Presley já colecionava uma discografia de 22 álbuns e ditava uma tendência nas composições e apresentações dos músicos da época. Era uma figura respeitada, admirada e seguida por muitos. O Rei do Rock fazia a cabeça das meninas e despertava uma certa “raiva admiradora” em muitos rapazes. Mais uma vez, consegue-se perceber que algo fugia do padrão e o Brasil não ficava isento disso.


A música brasileira, então, começa a descobrir quem são os nomes que vão acompanhar a revolução musical a partir da década de 60. Músicos que fizeram com que a cultura do nosso país adquirisse contornos mais característicos. Chico Buarque, Gilberto Gil, Geraldo Vandré e Caetano Veloso seriam as vozes presentes em qualquer grito contra a ditadura, trilhas sonoras para um país livre. Essa trilha bebe de uma fonte alimentada pelo que foi produzido no início da década de 60. Lógico que o samba era predominante, mas a influência estrangeira ditava uma forma de pensar e uma maneira de organização muito comum nos protestos e comportamento da juventude.


O musico Geraldo Vandré, compôs o hino da ditadura “ Para não dizer que não falei das flores” onde ele enfatizou as injustiças cometida pelos governantes. Ele acabou preso, torturado e exilado. Abaixo segue o trecho do hino da ditadura:

“...Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão...”



Literatura

O regime militar além das músicas, filmes e outras manifestações artísticas, também deu origem a vários livros sobre o tema mostrando o que aconteceu, os bastidores, depoimentos, o fato histórico em si, informações importantíssimas para a nossa cultura e história do Brasil.

A literatura havia se tornado um meio de denunciar os absurdos cometidos pelo regime militar e de evitar o que houve um “silêncio” absoluto da sociedade. No Brasil, entre 1970 e 1988, mais de 140 livros chegaram a sofrer censura prévia como, por exemplo, “Feliz Ano Novo”, de Rubem Fonseca e “Dez Histórias Imorais”, de Aguinaldo Silva.

A censura aos livros começou em 1964, com o fechamento do Editorial Vitória, ligada ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Desde então, a censura aos livros foi marcada por uma atuação confusa. Houve por conta disso, uma migração para a área infantil, já que a literatura destinada às crianças era pouco visada pela censura. A escritora brasileira, Ana Maria Machado, foi uma das que participaram desse movimento com a utilização de metáforas para questionar o poder misturadas nas histórias infantis.

Por: Tatiana Campbell, Joyce Santos e Pedro Fernandes

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