O apoio da classe média, que temia a ameaça do Comunismo, de
políticos de renome, como o então governador do estado da Guanabara, Carlos
Lacerda, e de grande parte da imprensa teve papel fundamental na implementação
e na posterior legitimação do regime militar. Entre os jornais de maior renome,
"O Globo", "O Dia", "Tribuna da Imprensa" e
"Estado de S. Paulo" mostraram-se os mais fervorosos em enaltecer a
ação dos militares, enquanto outros, como o "Diário Carioca" e o
"Última Hora", continuaram a defender Jango. O custo do apoio ao
Golpe, porém, foi elevado tanto para os que foram a favor quanto para os que se
opuseram ao novo governo, que, até então, era tido como provisório.
Redações, como a do "Jornal do Brasil", começaram
a sofrer perseguições na própria madrugada que sucedeu a deposição de João
Goulart. Os chamados "gorilas", soldados armados, entraram nos
prédios de alguns jornais de forma ameaçadora. Soldados atiraram para o alto
antes de entrarem, já demonstrando o caráter repressor do regime militar que se
instauraria. A redação do jornal "Última Hora" foi reduzida à
cinzas.
A censura não viria imediatamente, mas a presença
governamental se intensificou nas redações. Antigos apoiadores da intervenção
ficaram apreensivos ao perceber que a "ação cirúrgica dos militares"
ganhava características permanentes e, aos poucos, podiam ver suas liberdades
sendo tomadas. Mesmo assim, muitos editoriais decidiram permanecer otimistas em
suas publicações.
"O Globo", dois dias após o Golpe, publicou nas
linhas iniciais de sua matéria de capa que o Brasil vivia dias gloriosos,
enquanto tratava sobre a posse de Ranieri Mazzilli, que duas semanas depois entregaria
o cargo ao marechal Castelo Branco, iniciando de forma oficial o governo
militar.
Outros trechos de notícias que se destacaram nos dias que
seguiram o Golpe:
- "Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: Saia!" - Correio da Manhã, 1º de Abril de 1964
- "Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada." - Jornal do Brasil, 1º de Abril de 1964
- "A população de Copacabana saiu às ruas, em verdadeiro carnaval, saudando as tropas do Exército. Chuvas de papéis picados caíam das janelas dos edifícios enquanto o povo dava vazão, nas ruas, ao seu contentamento" - O Dia, 2 de Abril de 1964
- "Multidões em júbilo na Praça da Liberdade. Ovacionados o governador do estado e chefes militares. O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade." - O Estado de Minas, 2 de Abril de 1964
- "Feliz a nação que pode contar com corporações militares de tão altos índices cívicos" - O Estado de Minas, 5 de Abril de 1964
Por: Marlon Carrero, Cristiane Viamonte e Pedro
Lopes
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